A Comissão de Negociação da Pauta Específica do Sintusp em reunião com a Reitoria no dia 25 de novembro (3ª feira), antes de entrar na pauta da reunião afirmou ser um absurdo que até então não tenha sido definido o valor e a data de pagamento das 2 parcelas do “prêmio excelência acadêmica institucional USP” aprovado pelo CO (Conselho Universitário). Somente após horas de discussão sobre este e os outros itens da pauta, arrancamos a definição do valor: R$ 1.000,00, sendo a 1ª parcela de R$ 500,00 paga até a 1ª semana de dezembro e a 2ª também de R$ 500,00 no 1º semestre de 2009 (sem data definida). Esta definição foi confirmada pela Sra. Luiza Esperença Barbosa, da Divisão Financeira da USP."
Vejam.. este prêmio foi dado porque a USP se auto-declarou uma "Instituição Excelente". Que lindo, não? Mais narcisístico impossível (que nojo disto).
Mas eles não estão satisfeitos. Para saber mais deste circo leia na íntegra (e vejam as outras pérolas) na Fonte: http://www.sintusp.org.br/
Como uma universidade pode ser "de qualidade" se a base financeira está distorcida?!
Além disso os alunos que são formados na USP são, em geral, de poder aquisitivo alto: 58,6% ganha mais do que R$3000 de renda familiar mensal, e 21,5% ganha mais do que R$7000!
Fote: http://www.fuvest.br/scr/qasen.asp?anofuv=2007&fase=3&carr=0000000TOT&quest=17&tipo=3&grupo=1
Bem, não obstante isto tudo a prática (desculpem-me, desta vez não será quantitativo) me mostra que os alunos da USP (em especial, mas suponho que nas outras seja a mesma coisa) são formados profissionais, mas não cidadãos completos. Eles saem da universidade tendo alta carga de conhecimento (ou pelo menos deveriam), porém sem conhecimento dos problemas socio-econômicos gerais da sociedade. Como poderiam ajudar, então?
Bem, agora vamos pensar: A maior parte do ICMS das universidades vai para funcionário, e o que sobra vai para os alunos que, por estarem nestas universidades, são, em geral, muito ricos.
De onde sai o ICMS mesmo? A, sim... consumo. Bem, nós sabemos que um rico que ganhe R$7000 de renda familiar e compra arroz pagará o mesmo ICMS que o pobre que ganha R$500 (1,8% das pessoas que entraram na USP em 2007. Vide fonte acima). Sendo assim, quem mais sofre bancando o ICMS para pagar funcionários e, com o que sobrar, tentar fazer a universidade andar, é o pobre.
É isto mesmo. O pobre paga mais ICMS (sente mais no bolso) para que ricos estudem em uma universidade de qualidade (?).
Sendo que as pessoas que se formam nestas universidades geralmente tem como único benefício social a ocupação de um cargo de alto nível em uma empresa privada ou estatal (o que não deixa de ser um retorno para a sociedade, mas só isto já basta?), eu receio que isto não esteja valendo a pena. Sequer um retorno social evidente de tanto dinheiro empregado por pessoas pobres para os ricos é obtido.
Qual seria a solução? Na minha opinião o universitário deveria retornar para a sociedade o investimento, ou então não onerá-la! Para não onerá-la a medida é simples: Universidade gratuíta NADA! Quero é UNIVERSIDADE PAGA! Assim a sociedade não teria de despender grande parte do seu esforço de trabalho para formar ricos que sequer trarão grande benefício social, senão para eles mesmos.
Mas e as pessoas pobres que entram na universidade? Bem, para elas haveria duas possibilidades imediatas: Ou o governo daria subsídio, isentando-as da mensalidade (ou diminuindo-a), ou estas pessoas deveriam prestar serviços por um tempo determinado para o estado após se formarem (ou enquanto fizerem faculdade, ou ambos). Os gastos para isto não seriam muitos. De tudo que foi arrecadado pela USP apenas R$77.829.658 foi a estimativa de investimento em "permanência estudantil" para 2008, e foi o suficiente.
Fonte: http://www.usp.br/codage/Orcamento%202008.htmTabela I
Agora, "universidade para todos"? Quando eu entender o que isto significa eu discutirei com prazer.
Sejamos racionais e quantitativos.
2 comentários:
E ae, quanto tempo kra! blz?
Achei muito legal a sua iniciativa de montar um blog que expõe e discute suas idéias, principalmente as de ciência e economia.
Esse seu blog me fez bater uma nostalgia dos anos que estive na USP, onde as pessoas são mais "afinadas" com a ciência e mais receptivas sobre questões acadêmicas, o que falta um pouco no atual ambiente em que vivo.
Sobre o post, gostei da sua abordagem de "quantificar" seus argumentos. Foram muito bons, baseados em dados e não por puro achismos.
Fiz uns cálculos agora e vi que ajudaria bastante se os alunos pagassem para estudar.
Imagino que a USP deve ter em torno de 80 mil alunos , incluindo pós graduandos.
Se todos esses 80 mil alunos pagarem digamos 500 reais por mês, um valor simbólico pelo curso de boa qualidade que esta cursando, por ano daria mais ou menos meio bilhão de reais por ano para o orçamento.
Teríamos meio bilhão a mais para patrocinar a pesquisa e investir em infraestrutura da USP, o que seria um grande incentivo para os alunos, já que quem estuda lá sabe como é a realidade da pesquisa em uma das melhores instituições de ensino no país...
Apesar de tudo isso, ainda fico com o pé atrás sobre esse negócio de pagar pela USP... sou um pouco conservador e gosto de manter as regalias, como todas as pessoas...
Bom, está aí meu primeiro comentário no seu blog, espero que seu blog dure bastante kra!
Grande Massao!
Fiquei sabendo que seus planos estão dando certo por enquanto. Espero e confio que darão!
É fato que dentro da universidade as pessoas tendem a discutir mais estas questões, todavia esta participação ainda fica aquém da minha vontade. Acredito que as pessoas devessem discutir muito mais, e com mais qualidade.
A idéia de quantificar estes assuntos serve exatamente para tornar as cosias mais tangíveis e menos superficiais. Você pegou bem a idéia!
É natural que se tenha um certo receio de fazer mudanças deste tipo, já que sabemos como é complicado trabalhar e estudar. Mas lembre-se: a maioria não teria de trabalhar já que são de famílias ricas, e quem não pudesse teria subsídio. Pior do que adotar medidas assim é simplesmente continuar onerando a sociedade, principalmente a classe mais pobre.
Mas de tudo isso, o que mais me incomoda é a folha salarial da universidade. Uma reforma neste sentido deve ser feita urgentemente para que o sistema não entre em colapso num futuro não muito distante.
Grande abraço e continue participando!
Obrigado!
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